sábado, junho 07, 2008

Emoções, informação e computadores

A noite passada dormi mal e, como não consegui estar mais tempo na cama, levantei-me…

Vim para uma sala cheia de computadores, DVDs, CDs, videocassetes, leitores e gravadores, colunas de som … e, ao olhar para tudo aquilo, veio-me a certeza de que a única informação que perdura no tempo é aquela que apenas depende do cérebro humano para ser descodificada.

Senão vejamos: para que servem todas estas videocassetes de bonecos animados que paciente e activamente fomos comprando para as nossas filhas quando eram pequeninas? E ainda por cima Betamax! E o vídeo para as ler? Estragado. Ultrapassado. Sem peças para substituir.

E as videocassetes dos acontecimentos importantes das nossas vidas que foram cuidadosamente filmados com muito amor e dedicação?

E os CDs. Montes deles. Para serem passados para MP3.

E os DVDs. Para serem gravados no disco rígido.

Toda esta informação e todas estas emoções gravadas não estão acessíveis. Então para que servem?

Lembro-me perfeitamente quando comprámos o nosso primeiro computador (em 1988) de pensar que agora ia ficar livre de toda a papelada com que um professor sempre anda embrulhado e passar a ter tudo o que precisava a um simples movimento do rato. Realmente livrei-me do papel. Bastava carregar uma disquete. Por segurança, fiz back-ups de tudo, mas o que não previ na altura (e acho que a quase totalidade das pessoas utilizadoras de computadores, também não) é que teria de actualizar constantemente essas cópias de segurança sempre que a evolução nesta área acontecesse. Hoje, com os sistemas avançados que existem, não consigo ler os ficheiros mais antigos. Porque há programas que simplesmente desapareceram. Só se houver uma máquina antiga, algures nesse mundo, ainda a funcionar bem e com os programas que criaram os meus ficheiros é que consigo recuperá-los em boas condições.

O mesmo acontece em relação aos filmes que guardam o crescimento das minhas filhas. Estou a tentar passá-los para DVD. Mas o problema vai transferir-se para mais tarde.

Passa-se o mesmo com as fotografias. Agora guardam-se no computador. E é preciso estar atento com a sua evolução. Agora aprendi. Mas se faltar a energia, se o computador se avariar ou se as apagar acidentalmente, já não as posso ver.

Também andei a pensar que há coisas que os meus netos nunca poderão conhecer. São coisas “pequenas” mas que podem ter um grande significado. Tenho,por exemplo, uma caixinha onde guardo alguns documentos importantes da nossa família e outros menos importantes mas de grande significado. O primeiro recibo da renda do escritório do meu pai. O recibo da renovação da mobília da sala quando fiz 16 anos. Uns versos de amor feitos pelo meu pai e dedicados à minha mãe. Uma mensagem de amor no verso de uma fotografia minha dedicada ao meu namorado…

Hoje pagamos tudo on-line. As mensagens são electrónicas. Agora nada disto é emoção. Agora não é nada.

Já não se escrevem cartas de amor...

Outros tempos.

Com os livros, só dependo do meu cérebro e da minha vontade.

Mas a verdade é que não passo sem o computador!

6 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Gostei muito de ler o que escreveu! Mas o que mais me tocou foi .. "já não se escrevem cartas de amor". É verdade .. e será que podemos comparar o gesto, repleto de tanto significado e magia, de escrever uma carta de amor a um e-mail ?! Enfim, é a evolução :|

08/06/2008, 00:18:00

 
Blogger MMV disse...

Tudo se modifica a cada dia que passa...

08/06/2008, 15:26:00

 
Blogger A Professorinha disse...

Então e com tanto pensamento acabaste por adormecer??

Beijos

12/06/2008, 23:33:00

 
Blogger Berta Helena disse...

Estou totalmente de acordo. Já não vivo sem computador, não prescindo da net, Mas o papel continua a ter um papel importante. Procura encontrar um equlíbrio. Difícil.

18/06/2008, 10:20:00

 
Blogger MM disse...

...e até já existem livros electrónicos, os e-books. Não podemos cheirá-los, emprestá-los nem marcar a página com aquele papel que está mais á mão!
Gostei do post :)

18/06/2008, 16:28:00

 
Blogger Marmorlu disse...

Tens razao !
Os computadores nos fazem livres e escravos ao mesmo tempo.
Internet e a porta aberta à universalizaçao do conhecimento, mas nao existe sem electricidade... o que é certo e que neste momento nao podemos imaginar a nossa vida sem computadores...
Desculpa o meo "portuñol".. he, he.
Beijinhos

19/06/2008, 13:40:00

 

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