quinta-feira, novembro 08, 2007

Pandemia H5N1- Portugal tem um Plano de Contingência?

De acordo com o tenho ouvido e percebido, parece-me que, infelizmente, as nossas autoridades sanitárias não têm um bom plano estabelecido para fazer face à próxima pandemia. Não falo apenas na Madeira, mas também a nível de Portugal. O único país europeu que tem um plano decente e bem organizado é a França. Os outros estão muito mal preparados. Apesar das recomendações da OMS!

Se a Madeira possui um plano de contingência (o que duvido) deve estar bem aferrolhado (a eterna mania de esconder para os outros não se aproveitarem). Portugal tem um plano de intenções apesar de se chamar “plano de contingência nacional para a pandemia da gripe” (DGS, 2006) que orienta genericamente acerca de possíveis estratégias a tomar em planos específicos, a criar por cada ministério.

Já estamos na fase 3 de alerta pandémico (espero que seja mesmo!) e ainda não vi isso feito.

Entendo que os governos não podem tomar uma posição de modo a alarmar as pessoas. É preciso saber o ponto certo para informar sem alarmar. Seguramente pessoas informadas reagirão melhor e de uma forma mais eficaz às medidas indicadas pelas autoridades sanitárias.

Reparem na tabela abaixo que retirei da página 6 do plano acima referido que mostra o impacto estimado de uma eventual epidemia em Portugal considerando diferentes taxas de ataque, 25%, 30% e 35%:


Taxa de ataque

25%

30%

35%

Casos de doença

2,5 milhões

3,1 milhões

3,6 milhões

Consultas médicas

1,4 milhões

1,6 milhões

1,9 milhões

Internamentos hospitalares

33 mil

40 mil

47 mil

Óbitos

8 mil

9,6 mil

11 mil

Fonte: ONSA, 2005. Gripe: Cenários preliminares para uma eventual epidemia.

Como vai reagir o Sistema Nacional de Saúde perante estes cenários? Sabemos como funciona mal nos tempos ditos normais. Transforma-se num caos quando uma epidemiazita um pedacinho mais atrevida de gripe sazonal acontece!

Segundo o mesmo documento, os medicamentos antivirais podem ser importantes na ausência de uma vacina pelo que se torna importante a sua reserva (não apenas os antivirais mas também outros como antibióticos, antipiréticos). Portugal encomendou oseltamivir (é o mais eficaz e com menos efeitos secundários e desenvolve menos resistências) suficiente para 2 500 000 tratamentos. Sabendo que este medicamento não chega para tratar todos os casos de doença e também para efeitos de profilaxia do pessoal que presta serviços prioritários (profissionais dos serviços de saúde, das forças de segurança pública e de serviços essenciais para o funcionamento das infra-estruturas básicas), assim como para os familiares de doentes, o que vai acontecer?

Não será melhor estar prevenido e fazer o possível para não se contaminar?

O problema é que as pessoas pensam sempre que as coisas só acontecem aos outros. Se se prevê que 1/3 da população mundial vai ser atingida pela pandemia, isto quer dizer que também em Portugal:

1/3 dos médicos, 1/3 dos enfermeiros, 1/3 das forças de segurança pública, 1/3 dos motoristas, 1/3 dos professores, 1/3 dos empregados de balcão, 1/3 dos jardineiros, 1/3 dos alunos, 1/3 dos advogados, 1/3 do pessoal da administração pública, 1/3 dos engenheiros, 1/3 de…e de… etc., etc., etc. vai ser atingida!

Ninguém fica de fora.

E ninguém toma medidas preventivas se não se sentir em risco. É preciso tomar consciência da nossa própria vulnerabilidade. Só assim conseguiremos mudar o nosso comportamento e minimizar o risco de infecção.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

sou, dos que penso que as coisas só acontecem aos outros,como por exemplo:
a lotaria o euro milhoes....

15/11/2007, 21:08:00

 
Anonymous Anónimo disse...

Exactamente, não podemos ficar à espera dos serviços do Estado! Pode ser que não tenhamos a sorte de ser contemplados com esse medicamento.Então será mais prudente fazermos tudo para não sermos contagiados caso o H5N1 se torne numa pandemia.

15/11/2007, 21:10:00

 

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