quarta-feira, setembro 26, 2007

O cheiro de uma concha...

Ao fazer arrumações encontrei um pequeno texto, construído por várias pessoas numa acção de formação. Cada pessoa começava um texto e, passados poucos minutos, passava-o ao colega do lado, recebendo, por sua vez, um outro que teria de continuar. Transcrevo o que comecei.
"Sentada na praia, com o cheiro quente da areia nos pés, imagino o que há por baixo de mim. Gosto dos cheiros, caminho neles, vivo neles, amo com eles, desenho com eles. Talvez o que há por baixo de mim seja bom para desenhar. Desenhar cheiros é possível. Será que é? Os cheiros têm forma? Será que as conchas têm todas o mesmo cheiro? Será que estou maluca? Não! Vou perguntar a quem passa qual a opinião deles, dos outros. É isso mesmo, vou perguntar àquele senhor como é que ele desenhava o cheiro de uma concha.
-Pst! Pode ajudar-me? Como se desenha o cheiro de uma concha?
-Minha senhora, dizem que tudo é possível neste mundo mas eu sinceramente não a posso ajudar. Nunca me ocorreu tal questão, no entanto, acho interessante a sua pergunta porque há cheiros muito agradáveis e outros insuportáveis e, como tal, se tiverem forma, deverão ser diferentes.
-Fico feliz com a resposta, já posso desenhar o cheiro.
-Senhora, enlouqueceu?
-Não, a sua resposta ajudou-me e muito! Vou desenhar uma linda paisagem para desenhar o cheiro da rosa. Por que não uma rosa? Não porque é o cheiro da concha que eu quero mesmo desenhar.
E, sentindo o cheiro da concha, acabei por desenhar o mar azul, imenso, verde, com algas, peixes, anémonas... E guardei esse desenho, para mim, enfeitou a entrada da minha casa e ofereceu aos meus amigos aquele cheiro a concha que eu guardei no desenho. Estava lá, no desenho, aquele cheiro inconfundível da maresia!
O mar sempre me fascinou, é uma fonte inesgotável de sedução, energia, surpresa. E é também ao mesmo tempo, uma fonte de paz, de harmonia. Experimente você também sentar-se à beira-mar e olhar fixamente o mar deslocando o olhar para o horizonte e sentirá uma tranquilidade "interior", algo que é quase impossível de descrever... parecendo sermos outra pessoa. Será do cheiro daquela concha?"

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Ao ler o teu texto, veio-me à memória as minhas idas à Baía d'Abra - quando ainda podia fazer alpinismo - para passar um par de horas olhando o mar azul, o azul do céu... o recorte das rochas, o voo das brancas gaivotas e das andorinhas do mar rasgando o tal céu azul, os barquinhos sulcando o tal mar azul...
Nunca me veio à ideia associar as cores, as paisagens, a elegância do voos das aves e outras coisas poéticas, ao paladar. Mas agora que falas disso, a minha memória olfactiva, como se alguém "clicasse com o rato", mandou ao meu consciente imediato não só cheiros como também imagens (já um tanto esbatidas), sensações auditivas e tácteis. São os cheiros da maresia, do iodo, do lodo... são as imagens de mil cores dos barcos, das aves, do reflexo do sol sobre as diferentes partes da paisagem - que avistava da rocha laje onde me espojava, qual canguru ao sol - do "barulho do silêncio", dos aviões (sim, a poluição também faz parte, infelizmente, do nosso mundo)...
Enfim; chega de sonho, de recordações, de coisas que já não podemos alcançar, de... esta coisa de mar e maresia abriu-me o apetite: apetece-me uma bela caldeirada à fragateira!

14/11/2007, 21:08:00

 
Anonymous Anónimo disse...

alpinismo!!voos elegantes,misturados com poemas do canguru .... que tal se inscreverem no concurso televisivo "A Familia Super Star"??

16/11/2007, 01:11:00

 
Anonymous Anónimo disse...

que boa ideia .....

19/11/2007, 02:59:00

 
Anonymous Anónimo disse...

que tal estava a caldeirada ?....

22/11/2007, 11:28:00

 

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